Criada por Peter Blackie e Rob Blackie e desenvolvida pelo Discovery Channel do Canadá em parceria com a nossa tão amada Netflix, no Brasil a série estreou em 20 de Janeiro no serviço de streaming. Ambientada no final do século XVIII, o que se segue é a luta para controlar a riqueza e o poder no comércio norte-americano de peles. A violência como forma de sobrepujar a concorrência é um elemento bastante presente, com todas as atenções voltadas para a figura emblemática de Declan Harp (Jason Momoa), um ex-soldado (com descendência nativa e irlandesa) que se rebela após perder a família e busca vingança contra Lorde Benton (Alun Armstrong).
Inicialmente, Frontier se apoia em um elemento histórico através da Hudson’s Bay Company. A Companhia da Baía de Hudson é a mais antiga corporação do Canadá e uma das mais antigas do mundo em atividade. Na série, a empresa comandada por Lorde Benton precisa restabelecer a hegemonia do comércio, em meio a atravessadores como o próprio Declan Harp, que dispõe de métodos violentos e passa a ser uma ameaça a ser combatida.
A partir daí o que se desenvolve é uma trama de vingança e toda aquela promessa de confrontos por território e políticos, além da resolução dos negócios acabam dando lugar a uma jornada pessoal. Mas Frontier tem ainda uma outra qualidade a ser apontada: ela fala das dificuldades dos nativos. Mesmo que tendo um herói com traços de sangue europeu, a história mostra como foi difícil e cruel para os habitantes da América o contato com os europeus.
E é a história do Canadá, não dos Estados Unidos, como uma infinidade de outras produções. Não é como o inglês teve de desbravar a selva, mas como os nativos tiveram de se defender dos abusos dos homens de além mar.
O roteiro é meio confuso em estabelecer objetivos e apresenta personagens que estão desconectados. Somente no fim há uma tentativa apressada de juntar as peças. Além disso, vários clichês podem ser observados e não há absolutamente nada de novo em termos narrativos. Com apenas seis episódios, a sensação no final é que eles duraram um pouco mais do que isso.
Esteticamente, a série também não parece se beneficiar das belíssimas locações montanhosas e geladas. Há muitas tomadas em estúdio e o visual é pobre em conferir veracidade ao que é mostrado. Quando as paisagens são privilegiadas a fotografia consegue até ser bonita e transmite toda a frieza necessária. Porém, muitas vezes o retrato de época é muito comum e o design de produção deixa um pouco a desejar.
Ao longo dos episódios, o sombrio Declan Harp se torna um personagem diferente do que o tom parece propor. No entanto, Jason Momoa não é um ator que consiga ainda transitar do selvagem para o dramático e essa mudança abrupta não convence. Pior é vilão. Lorde Benton faz o tipo asqueroso que nunca se dá mal, com atitudes que incluem até caras e bocas vilanescas da forma mais genérica possível. Inclua ai a presença do Capitão Chesterfield (Evan Jonigkeit) que fica pelo meio de caminho, não sabendo se conspira ou protege o seu comandante. A figura do controverso padre James Coffin (Christian McKay) é um dos personagens completamente dispensável e que não incrementa em nada na trama até ai.
De forma paralela, Michael Smith (Landon Liboiron) tem uma boa trama e nem todos os personagens são assim tão ruins. Além do acidental imigrante que vai parar na América por acaso, temos a melhor presença em toda série Grace Emberly (Zoe Boyle). Dona de uma taberna, ela contribui através de alianças e jogos de informações para uma série de acontecimentos que movem a trama. Entretanto, não há benefício por parte do roteiro que em vários momentos apresenta soluções fáceis demais e pouco críveis, sobretudo no episódio final.
Como a narrativa é mal trabalhada, grandes são as chances de personagens ficarem esquecidos. A história não é complexa mas necessita ser mais bem trabalhada e objetiva, pois ora desenvolve-se a jornada vingativa de Declan Harp, e em outros momentos, as negociações e conflitos que deveriam ser o motivo central.
Já renovada para uma segunda temporada, Frontier precisará de mais esmero em sua produção. Com um apelo gráfico para a violência que pouco acrescenta a trama, não possui uma premissa ruim mas se mal conduzida, não irá muito longe.
Apesar de tudo isso é uma boa série para passar o tempo e aprendermos um pouquinho mais da história canadense.
Apesar de tudo isso é uma boa série para passar o tempo e aprendermos um pouquinho mais da história canadense.
Minha Classificação: ► ♥♥♥ ◄
Nenhum comentário:
Postar um comentário